Resumo
O presente artigo visa
analisar a importância do brincar no desenvolvimento e aprendizagem na educação
infantil, sob a visão psicopedagógica. Tem como objetivo conhecer o significado
do brincar, conceituar os principais termos utilizados para designar o ato de
brincar, tornando também fundamental compreender o universo lúdico, onde a
criança comunica-se consigo mesma e com o mundo, aceita a existência dos
outros, estabelece relações sociais, constrói conhecimentos, desenvolvendo-se
integralmente, e ainda, os benefícios que o brincar proporciona no
ensino-aprendizagem infantil. Ainda este estudo traz algumas considerações
sobre os jogos, brincadeiras e brinquedos e como influenciam na socialização
das crianças. Portanto, para realizar este trabalho, utilizamos a pesquisa
bibliográfica, fundamentada na reflexão de leitura de livros, artigos, revistas
e sites, bem como pesquisa de grandes autores referente a este tema. Desta
forma, este estudo proporcionará uma leitura mais consciente acerca da
importância do brincar na vida do ser humano, e, em especial na vida da
criança.
Palavras-chave
Brincar. Aprendizagem e
Desenvolvimento Infantil. Educação.
Psicopedagogia.
Abstract
The
present article has the objective to analyze the importance of playing during
the development and learning in the pre-school, by the psycho pedagogy view. It
has the purpose to know the meaning of playing, conceptualize the main terms to
nominate the act of playing, being important to understand the playful
universe, where the children talk to themselves and with the world, accept the
existence of the others, establish social relationships, construe knowledge, in
a fully development, and, the benefits that the playing gives to the
teaching-learning for children. This study still brings some considerations
about the games, plays and toys and how they influence the children society.
So, to do this work, we used the bibliographical research, based in the books
reading reflection, articles, magazines and sites, as researches of great
authors relative to this theme. So, this study will give a reading more
conscious about the importance of playing in the human life, and, special in
the child life.
Key-Words
Play.
Child learning and development. Education. Psycho pedagogy.
1 Introdução
Brincar é uma importante
forma de comunicação, é por meio deste ato que a criança pode reproduzir o seu
cotidiano, num mundo de fantasia e imaginação. O ato de brincar possibilita o
processo de aprendizagem da criança, pois facilita a construção da reflexão, da
autonomia e da criatividade, estabelecendo, desta forma, uma relação estreita
entre jogo e aprendizagem.
Para definir a brincadeira
infantil, ressaltamos a importância do brincar para o desenvolvimento integral
do ser humano nos aspectos físico, social, cultural, afetivo, emocional e
cognitivo. Para tanto, se faz necessário conscientizar os pais, educadores e
sociedade em geral sobre à ludicidade que deve estar sendo vivenciada na
infância, ou seja, de que o brincar faz parte de uma aprendizagem prazerosa não
sendo somente lazer, mas sim, um ato de aprendizagem, e ainda a importância
desta ludicidade nas intervenções e prevenções de problemas de aprendizagem na
visão da psicopedagogia. Neste contexto, o brincar na educação infantil
proporciona a criança estabelecer regras constituídas por si e em grupo,
contribuindo na integração do indivíduo na sociedade. Deste modo, à criança
estará resolvendo conflitos e hipóteses de conhecimento e, ao mesmo tempo,
desenvolvendo a capacidade de compreender pontos de vista diferentes, de
fazer-se entender e de demonstrar sua opinião em relação aos outros, e ainda e
nesse ato que podemos diagnosticar e prevenir futuros problemas de aprendizagem
infantil. É importante perceber e incentivar a capacidade criadora das
crianças, pois esta se constitui numa das formas de relacionamento e recriação
do mundo, na perspectiva da lógica infantil.
Neste sentido, o objetivo
central deste estudo é analisar a importância do brincar na Educação Infantil,
numa visão psicopedagógica, pois segundo os autores pesquisados, este é um
período fundamental para a criança no que diz respeito ao seu desenvolvimento e
aprendizagem de forma significativa.
2 DEFINIÇÕES SOBRE O ATO DE BRINCAR
Ao longo da história da
humanidade, foram inúmeros os autores que se interessaram, direta ou
indiretamente, pela questão do brincar, do jogo, do brinquedo e da brincadeira.
Brincar, segundo o dicionário
Ferreira (2003), é "divertir-se, recrear-se, entreter-se, distrair-se,
folgar", também pode ser "entreter-se com jogos infantis", ou
seja, brincar é algo muito presente nas nossas vidas, ou pelo menos deveria
ser.
Do ponto de vista de Oliveira
(2000) o brincar não significa apenas recrear, mas sim desenvolver-se
integralmente. Caracterizando-se como uma das formas mais complexas que a
criança tem de comunicar-se consigo mesma e com o mundo, ou seja, o
desenvolvimento acontece através de trocas recíprocas que se estabelecem
durante toda sua vida. Todavia, através do brincar a criança pode desenvolver
capacidades importantes como a atenção, a memória, a imitação, a imaginação,
ainda propiciando à criança o desenvolvimento de áreas da personalidade como
afetividade, motricidade, inteligência, sociabilidade e criatividade.
O jogo pelo ponto de vista
educacional, segundo Antunes (2003) significa divertimento, brincadeira,
passatempo, pois em nossa cultura o termo jogo é confundido com competição.
Ainda o autor relata que os jogos infantis pode até incluir uma ou outra
competição, mas visando sempre a estimular o crescimento e aprendizagem com
relação interpessoal, entre duas ou mais pessoas realizada através de
determinadas regras, ainda que jogo seja uma brincadeira que envolve regras.
Para Kishimoto (2002) o
brinquedo é diferente do jogo. Brinquedo é uma ligação intima com a criança, na
ausência de um sistema de regras que organizam sua utilização. Ainda segundo o
dicionário Ferreira (2003) brinquedo é “objeto destinado a divertir uma
criança, suporte da brincadeira”, sendo assim ele estimula a representação e a
expressão de imagens que evocam aspectos da realidade.
Vygotsky (1998) relata sobre
o papel do brinquedo, sendo um suporte da brincadeira e ainda o brinquedo tendo
uma grande influência no desenvolvimento da criança, pois o brinquedo promove
uma situação de transição entre a ação da criança com objeto concreto e suas
ações com significados, assim veremos ao longo do artigo.
Ainda segundo Kishimoto
(2002, p. 21) relata que “O vocábulo brinquedo não pode ser reduzido a
pluralidade de sentidos do jogo, pois conota criança e tem dimensão material,
cultural e técnica.” O objeto brinquedo é um suporte da brincadeira, é a ação
que a criança desempenha ao brincar. Assim podemos concluir que brinquedo e
brincadeira esta relacionada diretamente com a criança/sujeito e não se
confundem com o jogo em si.
2.1 O PAPEL DO BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO
INFANTIL
Vygotsky (1998) acentua o
papel ao ato de brincar na constituição do pensamento infantil, pois é
brincando, jogando, que a criança revela seu estado cognitivo, visual,
auditivo, tátil, motor, seu modo de aprender e entrar em uma relação cognitiva
com o mundo de eventos, pessoas, coisas e símbolos. Ainda podemos dizer que o
ato de brincar acontece em determinados momentos do cotidiano infantil, neste
contexto, Oliveira (2000) aponta o ato de brincar, como sendo um processo de
humanização, no qual a criança aprende a conciliar a brincadeira de forma
efetiva, criando vínculos mais duradouros. Assim, as crianças desenvolvem sua
capacidade de raciocinar, de julgar, de argumentar, de como chegar a um
consenso, reconhecendo o quanto isto é importante para dar início à atividade
em si.
O brincar se torna importante
no desenvolvimento da criança de maneira que as brincadeiras e jogos que vão
surgindo gradativamente na vida da criança desde os mais funcionais até os de
regras. Estes são elementos elaborados que proporcionarão experiências,
possibilitando a conquista e a formação da sua identidade. Como podemos
perceber, os brinquedos e as brincadeiras são fontes inesgotáveis de interação
lúdica e afetiva. Para uma aprendizagem eficaz é preciso que o aluno construa o
conhecimento, assimile os conteúdos. E o jogo é um excelente recurso para
facilitar a aprendizagem, neste sentido, Carvalho (1992 p. 28) afirma que:
“[...] o ensino absorvido de maneira lúdica, passa a adquirir um aspecto
significativo e afetivo no curso do desenvolvimento da inteligência da criança,
já que ela se modifica de ato puramente transmissor a ato transformador em
ludicidade, denotando-se, portanto em jogo”.
As ações com o jogo devem ser
criadas e recriadas, para que sejam sempre uma nova descoberta e sempre se
transformem em um novo jogo, em uma nova forma de jogar. Quando a criança
brinca, sem saber fornece várias informações ao seu respeito, no entanto, o
brincar pode ser útil para estimular seu desenvolvimento integral, tanto no
ambiente familiar, quanto no ambiente escolar.
É brincando que a criança
aprende a respeitar regras, a ampliar o seu relacionamento social e a respeitar
a si mesmo e ao outro. Por meio do universo lúdico que a criança começa a
expressar-se com maior facilidade, ouvir, respeitar e discordar de opiniões,
exercendo sua liderança, e sendo liderados e compartilhando sua alegria de
brincar. Em contrapartida, em um ambiente sério e sem motivações, os educandos
acabam evitando expressar seus pensamentos e sentimentos e realizar qualquer
outra atitude com medo de serem constrangidos. Zanluchi (2005, p. 91) afirma
que “A criança brinca daquilo que vive; extrai sua imaginação lúdica de seu
dia-a-dia”, portanto, as crianças, tendo a oportunidade de brincar, estarão
mais preparadas emocionalmente para controlar suas atitudes e emoções dentro do
contexto social, obtendo assim melhores resultados gerais no desenrolar da sua
vida.
Vygotsky (1998) toma como
ponto de partida a existência de uma relação entre um determinado nível de
desenvolvimento e a capacidade potencial de aprendizagem. Defende a ideia de
que, para verificar o nível de desenvolvimento da criança, temos que determinar
pelo menos, dois níveis de desenvolvimento. O primeiro deles seria o nível de
desenvolvimento efetivo, que se faz através dos testes que estabelecem a idade
mental, isto é, aqueles que a criança é capaz de realizar por si mesma, já o
segundo deles se constituiria na área de desenvolvimento potencial, que se
refere a tudo aquilo que a criança é capaz de fazer com a ajuda dos demais,
seja por imitação, demonstração, entre outros. Assim, significa que a criança
pode fazer hoje com a ajuda dos adultos ou dos iguais certamente fará amanhã
sozinha.
Para Vygotsky, citado por
Baquero (1998), a brincadeira, o jogo são atividades específicas da infância,
na quais a criança recria a realidade usando sistemas simbólicos, sendo uma
atividade com contexto cultural e social. O autor relata sobre a zona de
desenvolvimento proximal que é a distância entre o nível atual de
desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver, independentemente, um
problema, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da
resolução de um problema, sob a orientação de um adulto, ou de um companheiro
mais capaz.
Na visão de Vygotsky (1998) o
jogo simbólico é como uma atividade típica da infância e essencial ao
desenvolvimento infantil, ocorrendo a partir da aquisição da representação
simbólica, impulsionada pela imitação. Desta maneira, o jogo pode ser
considerado uma atividade muito importante, pois através dele a criança cria
uma zona de desenvolvimento proximal, com funções que ainda não amadureceram,
mas que se encontra em processo de maturação, ou seja, o que a criança irá
alcançar em um futuro próximo. Aprendizado e desenvolvimento estão
inter-relacionados desde o primeiro dia de vida, é fácil concluir que o
aprendizado da criança começa muito antes de ela freqüentar a escola. Todas as situações
de aprendizado que são interpretadas pelas crianças na escola já têm uma
história prévia, isto é, a criança já se deparou com algo relacionado do qual
pode tirar experiências.
Vygotsky (1998), ao discutir
o papel do brinquedo, refere-se especificamente à brincadeira de faz-de-conta,
como brincar de casinha, brincar de escolinha, brincar com um cabo de vassoura
como se fosse um cavalo. Faz referência a outros tipos de brinquedo, mas a
brincadeira faz-de-conta é privilegiada em sua discussão sobre o papel do
brinquedo no desenvolvimento. No brinquedo, a criança sempre se comporta além
do comportamento habitual, o mesmo contém todas as tendências do
desenvolvimento sob forma condensada, sendo ele mesmo uma grande fonte de
desenvolvimento.
A criança se torna menos
dependente da sua percepção e da situação que a afeta de imediato, passando a
dirigir seu comportamento também por meio do significado dessa situação,
Vygotsky (1998, p. 127) relata que “No brinquedo, no entanto, os objetos perdem
sua força determinadora. A criança vê um objeto, mas age de maneira diferente
em relação àquilo que vê. Assim, é alcançada uma condição em que a criança
começa a agir independentemente daquilo que vê.” No brincar, a criança consegue
separar pensamento, ou seja, significado de uma palavra de objetos, e a ação
surge das idéias, não das coisas.
Segundo Craidy e Kaercher
(2001), Vygotsky relata novamente que quando uma criança coloca várias cadeiras
uma através da outra e diz que é um trem, percebe-se que ela já é capaz de
simbolizar, esta capacidade representa um passo importante para o
desenvolvimento do pensamento da criança. Brincando, a criança exercita suas
potencialidades e se desenvolve, pois há todo um desafio, contido nas situações
lúdicas, que provoca o pensamento e leva as crianças a alcançarem níveis de
desenvolvimento que só às ações por motivações essenciais conseguem. Elas
passam a agir e esforça-se sem sentir cansaço, não ficam estressadas porque
estão livres de cobranças, avançam, ousam, descobrem, realizam com alegria,
sentindo-se mais capazes e, portanto, mais confiantes em si mesmas e dispostas
a aprender.
Assim, seguindo este estudo
os processos de desenvolvimento infantil apontam que o brincar é um importante
processo psicológico, fonte de desenvolvimento e aprendizagem. De acordo com
Vygotsky (1998), um dos principais representantes dessa visão, o brincar é uma
atividade humana criadora, na qual imaginação, fantasia e realidade interagem
na produção de novas formas de construir relações sociais com outros sujeitos,
crianças e/ou adultos. Tal concepção se afasta da visão predominante da
brincadeira como atividade restrita à assimilação de códigos e papéis sociais e
culturais, cuja função principal seria facilitar o processo de socialização da
criança e a sua integração à sociedade.
Vygotsky deixa claro que o
tema brincar na educação infantil tem sua origem naquilo que à criança vive no
seu dia a dia, nas relações com seus pares e principalmente, nas relações com
adultos. É uma situação imaginária, um faz de conta criada pela criança, mas
que só pode ser criada por ela graças ao material abstraído nas interações.
2.2 EDUCAÇÃO E LUDICIDADE
Na educação de modo geral, e
principalmente na Educação Infantil o brincar é um potente veículo de
aprendizagem experiencial, visto que permite, através do lúdico, vivenciar a
aprendizagem como processo social. A proposta do lúdico é promover uma
alfabetização significativa na prática educacional, é incorporar o conhecimento
através das características do conhecimento do mundo. O lúdico promove o
rendimento escolar além do conhecimento, oralidade, pensamento e o sentido.
Entretanto, compreender a relevância do brincar possibilita aos professores
intervir de maneira apropriada, não interferindo e descaracterizando o prazer que
o lúdico proporciona. Portanto, o brincar utilizado como recurso pedagógico não
deve ser dissociado da atividade lúdica que o compõe, sob o risco de
descaracterizar-se, afinal, a vida escolar regida por normas e tempos
determinados, por si só já favorece este mesmo processo, fazendo do brincar na
escola um brincar diferente das outras ocasiões. A incorporação de
brincadeiras, jogos e brinquedos na prática pedagógica podem desenvolver
diferentes atividades que contribuem para inúmeras aprendizagens e para a
ampliação da rede de significados construtivos tanto para crianças como para os
jovens.
Para Vygotsky (1998), o
educador poderá fazer o uso de jogos, brincadeiras, histórias e outros, para
que de forma lúdica a criança seja desafiada a pensar e resolver situações
problemáticas, para que imite e recrie regras utilizadas pelo adulto. O lúdico
pode ser utilizado como uma estratégia de ensino e aprendizagem, assim o ato de
brincar na escola sob a perspectiva de Santos (2002) está relacionada ao
professor que deve apropriar-se de subsídios teóricos que consigam convencê-lo
e sensibilizá-lo sobre a importância dessa atividade para aprendizagem e para o
desenvolvimento da criança.
Com isso, é possível entender
que o brincar auxilia a criança no processo de aprendizagem. Ele vai
proporcionar situações imaginárias em que ocorrerá no desenvolvimento
cognitivo, facilitando a interação com pessoas as quais contribuirão para um
acréscimo de conhecimento.
A essas ideias associamos
nossas convicções sobre o brincar como prática pedagógica, sendo um recurso que
pode contribuir não só para o desenvolvimento infantil, como também para o
cultural. Brincar não é apenas ter um momento reservado para deixar a criança à
vontade em um espaço com ou sem brinquedos e sim um momento que podemos ensinar
e aprender muito com elas. A atividade lúdica permite que a criança se prepare
para a vida, entre o mundo físico e social. Observamos, deste modo que a vida
da criança gira em torno do brincar, é por essa razão que pedagogos têm utilizado
a brincadeira na educação, por ser uma peça importante na formação da
personalidade, tornando-se uma forma de construção de conhecimento.
Importante para o
desenvolvimento, físico, intelectual e social, o jogo vem ampliando sua
importância deixando de ser um simples divertimento e tornando-se ponte entre a
infância e a vida adulta. Vygotsky (1998) afirma que o jogo infantil transforma
a criança, graças à imaginação, os objetivos produzidos socialmente. Assim, seu
uso é favorecido pelo contexto lúdico, oferecendo à criança a oportunidade de
utilizar a criatividade, o domínio de si, à firmação da personalidade, e o
imprevisível.
De acordo com Kishimoto
(2002) o jogo é considerado uma atividade lúdica que tem valor educacional, a
utilização do mesmo no ambiente escolar traz muitas vantagens para o processo
de ensino aprendizagem, o jogo é um impulso natural da criança funcionando,
como um grande motivador, é através do jogo obtém prazer e realiza um esforço
espontâneo e voluntário para atingir o objetivo, o jogo mobiliza esquemas
mentais, e estimula o pensamento, a ordenação de tempo e espaço, integra várias
dimensões da personalidade, afetiva, social, motora e cognitiva.
O desenvolvimento da criança
e seu consequente aprendizado ocorrem quando participa ativamente, seja
discutindo as regras do jogo, seja propondo soluções para resolvê-los. É de
extrema importância que o professor também participe e que proponha desafios em
busca de uma solução e de participação coletiva, o papel do educador neste caso
será de incentivador da atividade. A intervenção do professor é necessária e
conveniente no processo de ensino-aprendizagem, além da interação social, ser
indispensável para o desenvolvimento do conhecimento.
De acordo com o Referencial
Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 23):
Educar significa, portanto,
propiciar situações de cuidado, brincadeiras e aprendizagem orientadas de forma
integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades
infantis de relação interpessoal de ser e estar com os outros em uma atitude
básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças aos
conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural.
Por isso o educador é a peça
fundamental nesse processo, devendo ser um elemento essencial. Educar não se
limita em repassar informações ou mostrar apenas um caminho, mas ajudar a
criança a tomar consciência de si mesmo, e da sociedade. É oferecer várias
ferramentas para que a pessoa possa escolher caminhos, aquele que for compatível
com seus valores, sua visão de mundo e com as circunstâncias adversas que cada
um irá encontrar. Nessa perspectiva, segundo o Referencial Curricular Nacional
da Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 30):
O professor é mediador entre
as crianças e os objetos de conhecimento, organizando e propiciando espaços e
situações de aprendizagens que articulem os recursos e capacidades afetivas,
emocionais, sociais e cognitivas de cada criança aos seus conhecimentos prévios
e aos conteúdos referentes aos diferentes campos de conhecimento humano.
Educar é acima de tudo a
inter-relação entre os sentimentos, os afetos e a construção do conhecimento.
Segundo este processo educativo, a afetividade ganha destaque, pois acreditamos
que a interação afetiva ajuda mais a compreender e modificar o raciocínio do
aluno. E muitos educadores têm a concepção que se aprende através da repetição,
não tendo criatividade e nem vontade de tornar a aula mais alegre e
interessante, fazendo com que os alunos mantenham distantes, perdendo com isso
a afetividade e o carinho que são necessários para a educação.
Santos (2002) acrescenta que
educar não se limita a repassar informações ou até mesmo mostrar um caminho que
o educador considera o mais certo, mas sim em ajudar a pessoa a tomar
consciência de si mesma, dos outros e da sociedade. Ainda, é oferecer várias
ferramentas para que a pessoa possa escolher entre muitos caminhos, aquele que
for compatível com seus valores, sua visão de mundo e com as circunstâncias
adversas que cada um irá encontrar.
A criança necessita de
estabilidade emocional para se envolver com a aprendizagem. O afeto pode ser
uma maneira eficaz de aproximar o sujeito e a ludicidade em parceria com
professor-aluno, ajuda a enriquecer o processo de ensino-aprendizagem. E quando
o educador dá ênfase às metodologias que alicerçam as atividades lúdicas,
percebe-se um maior encantamento do aluno, pois se aprende brincando.
Santos (2002) refere-se ao
significado da palavra ludicidade que vem do latim ludus e significa brincar.
Onde neste brincar estão incluídos os jogos, brinquedos e brincadeiras, tendo
como função educativa do jogo o aperfeiçoamento da aprendizagem do indivíduo.
De acordo com o Referencial
Curricular Nacional da Educação Infantil (1998) a partir da importância da
ludicidade que o professor deverá contemplar jogos, brinquedos e brincadeiras,
como princípio norteador das atividades didático-pedagógicas, possibilitando à
criança uma aprendizagem prazerosa. Assim, a ludicidade tem conquistado um
espaço na educação infantil.
O brinquedo é a essência da
infância e permite um trabalho pedagógico que possibilita a produção de
conhecimento da criança. Ela estabelece com o brinquedo uma relação natural e
consegue extravasar suas angústias e entusiasmos, suas alegrias e tristezas, suas
agressividades e passividades.
Ao assumir a função lúdica e
educativa, a brincadeira propicia diversão, prazer, potencializa a exploração,
a criação, a imaginação e a construção do conhecimento. Brincar é uma
experiência fundamental para qualquer idade, principalmente para as crianças da
Educação Infantil. Dessa forma, a brincadeira já não deve ser mais atividade
utilizada pelo professor apenas para recrear as crianças, mas como atividade em
si mesma, que faça parte do plano de aula da escola. Portanto, cabe ao educador
criar um ambiente que reúna os elementos de motivação para as crianças. Criar
atividades que proporcionam conceitos que preparam para a leitura, para os
números, conceitos de lógica que envolve classificação, ordenação, dentre
outros. Motivar os alunos a trabalhar em equipe na resolução de problemas,
aprendendo assim expressar seus próprios pontos de vista em relação ao outro.
O processo de ensino e
aprendizagem na escola deve ser construído, então, tomando como ponto de
partida o nível de desenvolvimento real da criança, num dado momento e com sua
relação a um determinado conteúdo a ser desenvolvido, e como ponto de chegada
os objetivos estabelecidos pela escola, supostamente adequados à faixa etária e
ao nível de conhecimentos e habilidades de cada grupo de crianças. O percurso a
ser seguido nesse processo estará demarcado pelas possibilidades das crianças,
isto é, pelo seu nível de desenvolvimento potencial.
Enfim, estar ao lado do
aluno, acompanhando seu desenvolvimento, para levantar problemas que o leve a
formular hipóteses. Brinquedos adequados para idade, com objetivo de
proporcionar o desenvolvimento infantil e a aquisição de conhecimentos em todos
os aspectos.
A partir da leitura desses
autores podemos verificar que a ludicidade, as brincadeiras, os brinquedos e os
jogos são meios que a criança utiliza para se relacionar com o ambiente físico
e social de onde vive, despertando sua curiosidade e ampliando seus
conhecimentos e suas habilidades, nos aspectos físico, social, cultural, afetivo,
emocional e cognitivo, e assim, temos os fundamentos teóricos para deduzirmos a
importância que deve ser dada à experiência da educação infantil.
3 A PSICOPEDAGOGIA E O ATO DE BRINCAR
A Psicopedagogia nasceu da
necessidade de uma melhor compreensão do processo de aprendizagem. Conforme
Bossa (2007) este termo refere-se à aplicação da psicologia à pedagogia,
interligando-se a vários outros interdisciplinares que compõem seu referencial
teórico para prevenção e correção do seu objeto de estudo a aprendizagem humana
em seus estados normais e patológicos, bem como a influência do meio como:
família, escola, sociedade no seu desenvolvimento.
A Psicopedagogia tem se
constituído no espaço privilegiado para pensar sobre as questões de
ensino-aprendizagem. Sendo assim, está intimamente ligada ao ato de brincar,
como fonte de conhecimento. Por meio de técnicas e métodos próprios o
psicopedagogo possibilita uma intervenção psicopedagógica visando à solução de
problemas de aprendizagem. O processo de aprendizagem da criança é compreendido
como um processo mais abrangente, implicando componentes de vários eixos de
estruturação como afetividade, cognitivo, social, cultural, entre outros.
O processo de aprendizagem,
bem como suas dificuldades, deixa de focalizar somente o aluno e o professor
isoladamente e passa a ser visto como um processo de interações entre ambas as
partes com inúmeras variações que precisam ser apreendidas com bastante cuidado
pelo professor e psicopedagogo. Sendo assim, é possível constatar que uma das
formas de trabalho psicopedagógico é fazendo uso do lúdico, quer seja no
diagnóstico, ou no tratamento. Pois bem, segundo Bossa (2007, p. 31) “nesse
trabalho de ensinar a aprender, o psicopedagogo recorre a critérios
diagnósticos no sentido de compreender a falha na aprendizagem [...]” este
sendo um trabalho clínico com o seu objetivo de prevenção dos problemas de
aprendizagem, assim no diagnóstico, a atividade lúdica é um rico instrumento de
investigação clínica, pois permite ao sujeito expressar-se livremente, através
da ação do ato de brincar, a criança constrói um espaço entre a realidade e a
imaginação. Sendo assim é nas atividades lúdicas, que aprende a lidar com o
mundo real, desenvolvendo suas potencialidades, incorporando valores, conceitos
e conteúdos.
A utilização de brinquedos e
jogos educativos como materiais pedagógicos, do ponto de vista da
psicopedagogia, necessita da percepção do contexto em que se encontram
inseridos, ou seja, estes instrumentos não são objetos comuns e sim objetos que
trazem um saber em potencial que pode ser ou não ativado pelo aluno. Assim, são
através do ato de brincar que observamos prazeres, frustrações, desejos, enfim,
podemos trabalhar na construção do conhecimento. E ainda, o material pedagógico
não deve ser visto como um objeto estático sempre igual para todas as crianças,
pois, trata-se de um instrumento dinâmico que se altera de acordo com a
imaginação do individuo, pois pode ocorrer uma reinterpretação do mundo,
abrindo lugar para invenção e a produção de novos significados, saberes e
práticas.
A psicopedagogia, no âmbito
institucional tem sua atuação preventiva, na relação de problemas de
aprendizagem, preocupando-se especialmente com a instituição educacional. Porto
(2007) relata que a psicopedagogia institucional dedica-se a áreas relacionadas
ao planejamento educacional e assessoramento pedagógico, tendo sua colaboração
com os planos educacionais e sanitários no âmbito das organizações, e ainda
auxilia no resgate da identidade da instituição com o saber mediando e
resgatando o processo do ensino-aprendizagem. Portanto, inserida a esta
realidade, cabe ao educador definir quais objetivos pretende alcançar,
utilizando uma metodologia adequada, onde estará selecionando jogos,
brincadeiras e brinquedos coerentes, buscando explorar ao máximo os conhecimentos
da criança.
A psicopedagogia surgiu para
responder os problemas decorrentes do processo de aprendizagem humana, sendo o
seu objeto de estudo o ser em processo de construção do conhecimento. A
aprendizagem humana, portanto é determinada pela interação entre o indivíduo e
o meio, da qual participam os aspectos biológicos, psicológicos e sociais.
No movimento de procurar
entender estes aspectos é que o psicopedagogo constrói o seu trabalho, visando
à diminuição dos problemas de aprendizagem e do fracasso escolar é nesse
contexto de múltiplas interações que as atividades lúdicas são utilizadas no
diagnóstico psicopedagógico, pois fazem com que as crianças revelem aspectos
que não aparecem em situações mais formais do diagnóstico. Assim, a
psicopedagogia visa buscar a melhoria das relações com a aprendizagem, bem como
a melhoria da qualidade na construção da própria aprendizagem de alunos e
educadores. Fica, portanto, evidenciado a essencialidade do lúdico no trabalho
psicopedagógico, tanto no aspecto clínico quanto no institucional. No próprio
diagnóstico, este pode ser encarado como uma possibilidade de compreender o
funcionamento dos processos cognitivos e afetivo-sociais.
4 CONCLUSÃO
No transcorrer deste artigo
nos remeter a reflexões sobre a importância do brincar na educação infantil,
tendo sido possível desvelar que a ludicidade é de extrema relevância para o
desenvolvimento integral da criança e são elementos indispensáveis ao
relacionamento com outras pessoas. Assim, a criança estabelece com os jogos e
as brincadeiras uma relação natural e consegue extravasar suas tristezas e
alegrias, angústias, entusiasmos, passividades e agressividades, é por meio da
brincadeira que a criança envolve-se no jogo e partilha com o outro, na visão
psicopedagógica isso auxilia na prevenção e diagnóstico de problemas de
aprendizagem, pois a psicopedagogia estuda o ato de aprender e ensinar, levando
sempre em conta as realidades interna e externa da aprendizagem.
Além da interação, a
brincadeira, o brinquedo e o jogo proporcionam mecanismo para desenvolver a
memória, a linguagem, a atenção, a percepção, a criatividade e habilidade para
melhor desenvolver a aprendizagem. Nessa perspectiva, as brincadeiras, os
brinquedos e os jogos vêm contribuir significamente para o importante
desenvolvimento das estruturas psicológicas e cognitivas da criança.
Vemos que a ludicidade é uma
necessidade do ser humano em qualquer idade, mas principalmente na infância, na
qual ela deve ser vivenciada, não apenas como diversão, mas com objetivo de
desenvolver as potencialidades da criança, visto que o conhecimento é
construído pelas relações inter-pessoais e trocas recíprocas que se estabelecem
durante toda a formação integral da criança. Portanto, a introdução de jogos e
atividades lúdicas no cotidiano escolar é muito importante, devido a influencia
que os mesmos exercem frente aos alunos, pois quando eles estão envolvidos
emocionalmente na ação, torna-se mais fácil e dinâmico o processo de
ensino-aprendizagem.
O lúdico enquanto recurso
pedagógico na aprendizagem deve ser encarado de forma séria, competente e
responsável, tanto para educadores em trabalhos escolares, quanto para
psicopedagogos nas intervenções de problemas de aprendizagem. Usado de maneira
correta, poderá oportunizar ao educador e ao educando, importantes momentos de
aprendizagens em múltiplos aspectos. Na visão da psicopedagogia a importância
na aprendizagem, o lúdico vem favorecendo de forma eficaz o pleno
desenvolvimento das potencias criativas das crianças, cabendo ao profissional
intervir de forma adequada, sem atrapalhar a criatividade da criança.
Respeitando o desenvolvimento do processo lúdico, o psicopedagogo poderá
desenvolver novas habilidades no repertório da aprendizagem e na prevenção e
intervenção de futuros problemas de aprendizagem infantil.
Sendo assim, o brincar se
destaca novamente para nos revelar que os esquemas que a criança utiliza para
organizar as brincadeiras, os jogos, os brinquedos são os mesmos que ela
utiliza para lidar como o conhecimento. Nessa perspectiva podemos concluir que
é fundamental esse entendimento a fim de que o psicopedagogo possa identificar
e intervir positivamente nas dificuldades da criança.
REFERÊNCIAS
·
ANTUNES, Celso. O jogo infantil: falar e dizer, olhar e ver,
escutar e ouvir. Petropolis, RJ: Vozes 2003 fascículo 15.
·
BAQUERO, Ricardo. Vygotsky e a aprendizagem escolar. Trad.
Ernani F. da Fonseca Rosa. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
·
BOSSA, Nadia A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a
partir da prática. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.
·
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de
Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação
infantil.Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação
Fundamental. - Brasília: MEC/SEF, 1998, volume: 1 e 2.
·
CARVALHO, A. M. C. et al. (Org.). Brincadeira e cultura:
viajando pelo Brasil que brinca. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1992.
·
CRAIDY, Carmem Maria, KAERCHER, Gladis
E. (Org.). Educação
infantil: pra que te quero?. Porto Alegre: Artmed, 2001.
·
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio Escolar
Século XXI: o minidicionário da língua portuguesa. 4 ed. Rio de Janeiro:
Editora Nova Fronteira, 2003.
·
KISHIMOTO, Tizuco Morchida. Jogo, brinquedo, brincadeira e a
educação. São Paulo: Cortez, 2002.
·
OLIVEIRA, Marta Kohl de. Vygotsky: aprendizado e desenvolvimento
um processo sócio-histórico. 4. ed. São Paulo: Scipione, 1997.
·
OLIVEIRA, Vera Barros de (Org.). O brincar e a criança do
nascimento aos seis anos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
·
PORTO, Olívia. Psicopedagogia institucional: teoria, prática e
assessoramento psicopedagógico. 2. ed., Rio de Janeiro: Wak ed., 2007.
·
SANTOS, Santa Marli Pires dos. O lúdico na formação do educador.
5 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.
·
VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. 6. ed. São Paulo:
Martins Fontes Editora LTDA, 1998.
·
VYGOTSKY, L. S; LURIA, A. R.; LEONTIEV, A. N. Linguagem,
desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone: Editora da Universidade de
São Paulo, 1998.
·
ZANLUCHI, Fernando Barroco. O brincar e o criar: as relações
entre atividade lúdica, desenvolvimento da criatividade e Educação. Londrina: O
autor, 2005.
Nenhum comentário:
Postar um comentário