A Importância
do Brincar na Educação Infantil
. RESUMO
O
presente artigo visa analisara importância do brincar no desenvolvimento e
aprendizagem na educação infantil. Tem como objetivo conhecer o significado do
brincar, conceituar os principais termos utilizados para designar o ato de
brincar, tornando-se também fundamental compreender o universo lúdico, onde a
criança comunica-se consigo mesma e com o mundo, aceita a existência dos
outros, estabelece relações sociais, constrói conhecimentos, desenvolvendo-se
integralmente, e ainda, os benefícios que o brincar proporciona no
ensino-aprendizagem infantil. Ainda este estudo traz algumas considerações
sobre os jogos, brincadeiras e brinquedos e como influenciam na socialização
das crianças. Portanto, para realizar este trabalho, utilizamos a pesquisa
bibliográfica, fundamentada na reflexão de leitura de livros, artigos, revistas
e sites, bem como pesquisa de grandes autores referente a este tema. Desta
forma, este estudo proporcionará uma leitura mais consciente acerca da
importância do brincar na vida do ser humano, e, em especial na vida da
criança.
Palavras-chave: Brincar, aprendizagem e
desenvolvimento infantil, educação infantil.
2. INTRODUÇÃO
Brincar
é uma importante forma de comunicação, é por meio deste ato que a criança pode
reproduzir o seu cotidiano.O ato de brincar possibilita o processo de
aprendizagem da criança, pois facilita a construção da reflexão, da autonomia e
da criatividade, estabelecendo, desta forma, uma relação estreita entre jogo e
aprendizagem.
Para
definir a brincadeira infantil, ressaltamos a importância do brincar para o
desenvolvimento integral do ser humano nos aspectos físico, social, cultural,
afetivo, emocional e cognitivo. Para tanto, se faz necessário conscientizar os
pais, educadores e sociedade em geral sobre à ludicidade que deve estar sendo
vivenciada na infância, ou seja, de que o brincar faz parte de uma aprendizagem
prazerosa não sendo somente lazer, mas sim, um ato de aprendizagem. Neste
contexto, o brincar na educação infantil proporciona a criança estabelecer
regras constituídas por si e em grupo, contribuindo na integração do indivíduo
na sociedade. Deste modo, à criança estará resolvendo conflitos e hipóteses de
conhecimento e, ao mesmo tempo, desenvolvendo a capacidade de compreender
pontos de vista diferentes, de fazer-se entender e de demonstrar sua opinião em
relação aos outros. É importante perceber e incentivar a capacidade criadora
das crianças, pois esta se constitui numa das formas de relacionamento e
recriação do mundo, na perspectiva da lógica infantil.
Neste
sentido, o objetivo central deste estudo é analisar a importância do brincar na
Educação Infantil,pois, segundo os autores pesquisados, este é um período
fundamental para a criança no que diz respeito ao seu desenvolvimento e
aprendizagem de forma significativa.
3. As implicações do ato de brincar no desenvolvimento infantil
Brincar,
segundo o dicionário Aurélio (2003), é "divertir-se, recrear-se,
entreter-se, distrair-se, folgar", também pode ser "entreter-se com
jogos infantis", ou seja, brincar é algo muito presente nas nossas vidas,
ou pelo menos deveria ser.
Segundo
Oliveira (2000) o brincar não significa apenas recrear, é muito mais,
caracterizando-se como uma das formas mais complexas que a criança tem de
comunicar-se consigo mesma e com o mundo, ou seja, o desenvolvimento acontece
através de trocas recíprocas que se estabelecem durante toda sua vida.Assim,
através do brincar a criança pode desenvolver capacidades importantes como a
atenção, a memória, a imitação, a imaginação, ainda propiciando à criança o
desenvolvimento de áreas da personalidade como afetividade, motricidade,
inteligência, sociabilidade e criatividade.
Vygotsky
(1998), um dos representantes mais importantes da psicologia
histórico-cultural, partiu do princípio que o sujeito se constitui nas relações
com os outros, por meio de atividades caracteristicamente humanas, que são
mediadas por ferramentas técnicas e semióticas. Nesta perspectiva, a
brincadeira infantil assume uma posição privilegiada para a análise do processo
de constituição do sujeito, rompendo com a visão tradicional de que ela é uma
atividade natural de satisfação de instintos infantis. Ainda, o autor refere-se
à brincadeira como uma maneira de expressão e apropriação do mundo das
relações, das atividades e dos papéis dos adultos. A capacidade para imaginar,
fazer planos, apropriar-se de novos conhecimentos surge, nas crianças, através
do brincar. A criança por intermédio da brincadeira, das atividades lúdicas,
atua, mesmo que simbolicamente, nas diferentes situações vividas pelo ser
humano, reelaborando sentimentos, conhecimentos, significados e atitudes.
De
acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL,
1998, p. 27, v.01):
O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o
papel que assumem enquanto brincam. Ao adotar outros papéis na brincadeira, as
crianças agem frente à realidade de maneira não-literal, transferindo e
substituindo suas ações cotidianas pelas ações e características do papel
assumido, utilizando-se de objetos substitutos.
Zanluchi
(2005, p. 89) reafirma que “Quando brinca, a criança prepara-se a vida, pois é
através de sua atividade lúdica que ela vai tendo contato com o mundo físico e
social, bem como vai compreendendo como são e como funcionam as coisas.” Assim,
destacamos que quando a criança brinca, parece mais madura, pois entra, mesmo
que de forma simbólica, no mundo adulto que cada vez se abre para que ela lide
com as diversas situações.
Portanto,
a brincadeira é de fundamental importância para o desenvolvimento infantil na
medida em que a criança pode transformar e produzir novos significados. Nas
situações em que a criança é estimulada, é possível observar que rompe com a
relação de subordinação ao objeto, atribuindo-lhe um novo significado, o que
expressa seu caráter ativo, no curso de seu próprio desenvolvimento.
4. A importância do brincar no universo lúdico (jogos,
brincadeiras e brinquedos)
O ato
de brincar acontece em determinados momentos do cotidiano infantil, neste
contexto, Oliveira (2000) aponta o ato de brincar, como sendo um processo de
humanização, no qual a criança aprende a conciliar a brincadeira de forma
efetiva, criando vínculos mais duradouros. Assim, as crianças desenvolvem sua
capacidade de raciocinar, de julgar, de argumentar, de como chegar a um
consenso, reconhecendo o quanto isto é importante para dar início à atividade
em si.
O
brincar se torna importante no desenvolvimento da criança de maneira que as
brincadeiras e jogos que vão surgindo gradativamente na vida da criança desde
os mais funcionais até os de regras. Estes são elementos elaborados que
proporcionarão experiências, possibilitando a conquista e a formação da sua
identidade. Como podemos perceber, os brinquedos e as brincadeiras são fontes
inesgotáveis de interação lúdica e afetiva. Para uma aprendizagem eficaz é
preciso que o aluno construa o conhecimento, assimile os conteúdos. E o jogo é
um excelente recurso para facilitar a aprendizagem, neste sentido, Carvalho
(1992, p.14) afirma que:
(...) desde muito cedo o jogo na vida da criança é de
fundamental importância, pois quando ela brinca, explora e manuseia tudo aquilo
que está a sua volta, através de esforços físicos se mentais e sem se sentir
coagida pelo adulto, começa a ter sentimentos de liberdade, portanto, real
valor e atenção as atividades vivenciadas naquele instante.
Carvalho
(1992, p.28) acrescenta, mais adiante:
(...) o ensino absorvido de maneira lúdica, passa a adquirir um
aspecto significativo e afetivo no curso do desenvolvimento da inteligência da
criança, já que ela se modifica de ato puramente transmissor a ato
transformador em ludicidade, denotando-se, portanto em jogo.
As
ações com o jogo devem ser criadas e recriadas, para que sejam sempre uma nova
descoberta e sempre se transformem em um novo jogo, em uma nova forma de jogar.
Quando a criança brinca, sem saber fornece várias informações a seu
respeito, no entanto, o brincar pode ser útil para estimular seu
desenvolvimento integral, tanto no ambiente familiar, quanto no ambiente
escolar.
É
brincando também que a criança aprende a respeitar regras, a ampliar o seu
relacionamento social e a respeitar a si mesma e ao outro. Por meio da
ludicidade a criança começa a expressar-se com maior facilidade, ouvir,
respeitar e discordar de opiniões, exercendo sua liderança, e sendo liderados e
compartilhando sua alegria de brincar. Em contrapartida, em um ambiente sério e
sem motivações, os educandos acabam evitando expressar seus pensamentos e sentimentos
e realizar qualquer outra atitude com medo de serem constrangidos. Zanluchi
(2005, p.91) afirma que “A criança brinca daquilo que vive; extrai sua
imaginação lúdica de seu dia-a-dia.”, portanto, as crianças, tendo a
oportunidade de brincar, estarão mais preparadas emocionalmente para controlar
suas atitudes e emoções dentro do contexto social, obtendo assim melhores
resultados gerais no desenrolar da sua vida.
Entretanto,
Vygotsky (1998) toma como ponto de partida a existência de uma relação entre um
determinado nível de desenvolvimento e a capacidade potencial de aprendizagem.
Defende a ideia de que, para verificar o nível de desenvolvimento da criança,
temos que determinar pelo menos, dois níveis de desenvolvimento. O primeiro
deles seria o nível de desenvolvimento efetivo, que se faz através dos testes
que estabelecem a idade mental, isto é, aqueles que a criança é capaz de
realizar por si mesma, já o segundo deles se constituiria na área de
desenvolvimento potencial, que se refere a tudo aquilo que a criança é capaz de
fazer com a ajuda dos demais, seja por imitação, demonstração, entre
outros. O que a criança pode fazer hoje com a ajuda dos adultos ou dos
iguais certamente fará amanhã sozinha. Assim, isso significa que se pode
examinar, não somente o que foi produzido por seu desenvolvimento, mas também o
que se produzira durante o processo de maturação.
Para
Vygotsky, citado por Baquero (1998), a brincadeira, o jogo são atividades
específicas da infância, na quais a criança recria a realidade usando sistemas
simbólicos. É uma atividade com contexto cultural e social. O autor relata
sobre a zona de desenvolvimento proximal que é a distância entre o nível atual
de desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver, independentemente,
um problema, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da
resolução de um problema, sob a orientação de um adulto, ou de um companheiro
mais capaz.
Na
visão de Vygotsky (1998) o jogo simbólico é como uma atividade típica da
infância e essencial ao desenvolvimento infantil, ocorrendo a partir da
aquisição da representação simbólica, impulsionada pela imitação. Desta
maneira, o jogo pode ser considerado uma atividade muito importante, pois
através dele a criança cria uma zona de desenvolvimento proximal, com funções
que ainda não amadureceram, mas que se encontram em processo de maturação, ou
seja, o que a criança irá alcançar em um futuro próximo. Aprendizado e
desenvolvimento estão inter-relacionados desde o primeiro dia de vida, é fácil
concluir que o aprendizado da criança começa muito antes de ela freqüentar a
escola. Todas as situações de aprendizado que são interpretadas pelas crianças
na escola já têm uma história prévia, isto é, a criança já se deparou com algo
relacionado do qual pode tirar experiências.
Vygotsky
(1998, p. 137) ainda afirma “A essência do brinquedo é a criação de uma nova
relação entre o campo do significado e o campo da percepção visual, ou seja,
entre situações no pensamento e situações reais”. Essas relações irão permear
toda a atividade lúdica da criança, serão também importantes indicadores do
desenvolvimento da mesma, influenciando sua forma de encarar o mundo e suas
ações futuras.
Santos
(2002, p. 90) relata que “(...) os jogos simbólicos, também chamados
brincadeira simbólica ou faz-de-conta, são jogos através dos quais a criança
expressa capacidade de representar dramaticamente.” Assim, a criança
experimenta diferentes papéis e funções sociais generalizadas a partir da
observação do mundo dos adultos. Neste brincar a criança age em um mundo
imaginário, regido por regras semelhantes ao mundo adulto real, sendo a
submissão às regras de comportamento e normas sociais a razão do prazer que ela
experimenta no brincar.
De
acordo com Vygotsky (1998), ao discutir o papel do brinquedo, refere-se
especificamente à brincadeira de faz-de-conta, como brincar de casinha, brincar
de escolinha, brincar com um cabo de vassoura como se fosse um cavalo. Faz
referência a outros tipos de brinquedo, mas a brincadeira faz-de-conta é
privilegiada em sua discussão sobre o papel do brinquedo no desenvolvimento. No
brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento habitual, o mesmo
contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma condensada, sendo ele
mesmo uma grande fonte de desenvolvimento.
A
criança se torna menos dependente da sua percepção e da situação que a afeta de
imediato, passando a dirigir seu comportamento também por meio do significado
dessa situação, Vygotsky (1998, p.127) relata que “ No brinquedo, no entanto,
os objetos perdem sua força determinadora. A criança vê um objeto, mas age de
maneira diferente em relação àquilo que vê. Assim, é alcançada uma condição em
que a criança começa a agir independentemente daquilo que vê.” No brincar, a
criança consegue separar pensamento, ou seja, significado de uma palavra de
objetos, e a ação surge das idéias, não das coisas.
Segundo
Craidy & Kaercher (2001) Vygotsky relata novamente que quando uma criança
coloca várias cadeiras uma através da outra e diz que é um trem, percebe-se que
ela já é capaz de simbolizar, esta capacidade representa um passo importante
para o desenvolvimento do pensamento da criança. Brincando, a criança exercita
suas potencialidades e se desenvolve, pois há todo um desafio, contido nas
situações lúdicas, que provoca o pensamento e leva as crianças a alcançarem
níveis de desenvolvimento que só as ações por motivações essenciais conseguem.
Elas passam a agir e esforça-se sem sentir cansaço, não ficam estressadas
porque estão livres de cobranças, avançam, ousam, descobrem, realizam com
alegria, sentindo-se mais capazes e, portanto, mais confiantes em si mesmas e
predispostas a aprender. Conforme afirma Oliveira (2000, p. 19):
O brincar, por ser uma atividade livre que não inibe a fantasia,
favorece o fortalecimento da autonomia da criança e contribui para a não
formação e até quebra de estruturas defensivas. Ao brincar de que é a mãe da
boneca, por exemplo, a menina não apenas imita e se identifica com a figura
materna, mas realmente vive intensamente a situação de poder gerar filhos, e de
ser uma mãe boa, forte e confiável.
Nesse
caso, a brincadeira favorece o desenvolvimento individual da criança, ajuda a
internalizar as normas sociais e a assumir comportamentos mais avançados que
aqueles vivenciados no cotidiano, aprofundando o seu conhecimento sobre as
dimensões da vida social.
Segundo
Vygotsky, Luria & Leontiev (1998, p. 125) O brinquedo “(...) surge a partir
de sua necessidade de agir em relação não apenas ao mundo mais amplo dos
adultos.”, entretanto, a ação passa a ser guiada pela maneira como a criança
observa os outros agirem ou de como lhe disseram, e assim por diante. À medida
que cresce, sustentada pelas imagens mentais que já se formou, a criança
utiliza-se do jogo simbólico para criar significados para objetos e espaços.
Assim,
seguindo este estudo os processos de desenvolvimento infantil apontam que o
brincar é um importante processo psicológico, fonte de desenvolvimento e
aprendizagem. De acordo com Vygotsky (1998), um dos principais representantes
dessa visão, o brincar é uma atividade humana criadora, na qual imaginação,
fantasia e realidade interagem na produção de novas formas de construir
relações sociais com outros sujeitos, crianças e/ou adultos. Tal concepção se
afasta da visão predominante da brincadeira como atividade restrita à
assimilação de códigos e papéis sociais e culturais, cuja função principal
seria facilitar o processo de socialização da criança e a sua integração à
sociedade.
5. Ensino-aprendizagem através do brincar na infância
Na
educação de modo geral, e principalmente na Educação Infantil o brincar é um
potente veículo de aprendizagem experiencial, visto que permite, através do
lúdico, vivenciar a aprendizagem como processo social. A proposta do
lúdico é promover uma alfabetização significativa na prática educacional, é
incorporar o conhecimento através das características do conhecimento do mundo.
O lúdico promove o rendimento escolar além do conhecimento, oralidade,
pensamento e o sentido. Assim, Goés (2008, p 37), afirma ainda que:
(...) a atividade lúdica, o jogo, o brinquedo, a brincadeira,
precisam ser melhorado, compreendidos e encontrar maior espaço para ser
entendido como educação. Na medida em que os professores compreenderem toda sua
capacidade potencial de contribuir no desenvolvimento infantil, grandes
mudanças irão acontecer na educação e nos sujeitos que estão inseridos nesse
processo.
Contudo,
compreender a relevância do brincar possibilita aos professores intervir de
maneira apropriada, não interferindo e descaracterizando o prazer que o lúdico
proporciona. Portanto, o brincarutilizado como recurso pedagógico não deve ser
dissociado da atividade lúdica que o compõe, sob o risco de descaracterizar-se,
afinal, a vida escolar regida por normas e tempos determinados, por si só já
favorece este mesmo processo, fazendo do brincar na escola um brincar diferente
das outras ocasiões. A incorporação de brincadeiras, jogos e brinquedos na
prática pedagógica, podem desenvolver diferentes atividades que contribuem para
inúmeras aprendizagens e para a ampliação da rede de significados construtivos
tanto para crianças como para os jovens.
Para
Vygotsky (1998), o educador poderá fazer o uso de jogos, brincadeiras,
histórias e outros, para que de forma lúdica a criança seja desafiada a pensar
e resolver situações problemáticas, para que imite e recrie regras utilizadas
pelo adulto.
O
lúdico pode ser utilizado como uma estratégia de ensino e aprendizagem, assim o
ato de brincar na escola sob a perspectiva de Lima (2005) está relacionada ao
professor que deve apropriar-se de subsídios teóricos que consigam convencê-lo
e sensibilizá-lo sobre a importância dessa atividade para aprendizagem e para o
desenvolvimento da criança. Oliveira (1997, p. 57) acrescenta o fato que a:
Aprendizagem é o processo pelo qual o indivíduo adquire
informações, habilidades, atitudes, valores, etc. a partir de seu contato com a
realidade, o meio ambiente, as outras pessoas. É um processo que se diferencia
dos fatores inatos (a capacidade de digestão, por exemplo, que já nasce com o
indivíduo) e dos processos de maturação do organismo, independentes da
informação do ambiente (a maturação sexual, por exemplo). Em Vygotsky,
justamente por sua ênfase nos processos sócio-históricos, a idéia de aprendizado
inclui a interdependência dos indivíduos envolvidos no processo. (...) o
conceito em Vygotsky tem um significado mais abrangente, sempre envolvendo
interação social.
Com
isso, é possível entender que o brincar auxilia a criança no processo de
aprendizagem. Ele vai proporcionar situações imaginárias em que ocorrerá no
desenvolvimento cognitivo e facilitando a interação com pessoas, as quais
contribuirão para um acréscimo de conhecimento.
A essas
ideias associamos nossas convicções sobre o brincar como prática pedagógica,
sendo um recurso que pode contribuir não só para o desenvolvimento infantil,
como também para o cultural. Brincar não é apenas ter um momento reservado para
deixar a criança à vontade em um espaço com ou sem brinquedos e sim um momento
que podemos ensinar e aprender muito com elas. A atividade lúdica permite que a
criança se prepare para a vida, entre o mundo físico e social. Observamos,
deste modo que a vida da criança gira em torno do brincar, é por essa razão que
pedagogos têm utilizado a brincadeira na educação, por ser uma peça importante
na formação da personalidade, tornando-se uma forma de construção de
conhecimento.
Finalizando
Gonzaga (2009, p. 39), aponta:
(...) a essência do bom professor está na habilidade de planejar
metas para aprendizagem das crianças, mediar suas experiências, auxiliar no uso
das diferentes linguagens, realizar intervenções e mudar a rota quando
necessário. Talvez, os bons professores sejam os que respeitam as crianças e
por isso levam qualidade lúdica para a sua prática pedagógica.
Importante
para o desenvolvimento, físico, intelectual e social, o jogo vem ampliando sua
importância deixando de ser um simples divertimento e tornando-se ponte entre a
infância e a vida adulta. Vygotsky (1998) afirma que o jogo infantil transforma
a criança, graças à imaginação, os objetivos produzidos socialmente. Assim, seu
uso é favorecido pelo contexto lúdico, oferecendo à criança a oportunidade de
utilizar a criatividade, o domínio de si, à firmação da personalidade, e o
imprevisível.
De
acordo com Kishimoto (2002) o jogo é considerado uma atividade lúdica que tem
valor educacional, a utilização do mesmo no ambiente escolar traz muitas
vantagens para o processo de ensino aprendizagem, o jogo é um impulso natural
da criança funcionando, como um grande motivador, é através do jogo obtém
prazer e realiza um esforço espontâneo e voluntário para atingir o objetivo, o
jogo mobiliza esquemas mentais, e estimula o pensamento, a ordenação de tempo e
espaço, integra várias dimensões da personalidade, afetiva, social, motora e
cognitiva.
O
desenvolvimento da criança e seu consequente aprendizado ocorrem quando
participa ativamente, seja discutindo as regras do jogo, seja propondo soluções
para resolvê-los. É de extrema importância que o professor também participe e
que proponha desafios em busca de uma solução e de participação coletiva, o
papel do educador neste caso será de incentivador da atividade. A intervenção
do professor é necessária e conveniente no processo de ensino-aprendizagem, além
da interação social, ser indispensável para o desenvolvimento do conhecimento.
De
acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL,
1998, p. 23, v.01):
Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidado,
brincadeiras e aprendizagem orientadas de forma integrada e que possam
contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação
interpessoal de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação,
respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças aos conhecimentos mais amplos
da realidade social e cultural.
Por
isso o educador é a peça fundamental nesse processo, devendo ser um elemento
essencial. Educar não se limita em repassar informações ou mostrar apenas um
caminho, mas ajudar a criança a tomar consciência de si mesmo, e da sociedade.
É oferecer várias ferramentas para que a pessoa possa escolher caminhos, aquele
que for compatível com seus valores, sua visão de mundo e com as circunstâncias
adversas que cada um irá encontrar. Nessa perspectiva, segundo o Referencial
Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 30, v.01):
O professor é mediador entre as crianças e os objetos de
conhecimento, organizando e propiciando espaços e situações de aprendizagens
que articulem os recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais e
cognitivas de cada criança aos seus conhecimentos prévios e aos conteúdos
referentes aos diferentes campos de conhecimento humano. Na instituição de
educação infantil o professor constitui-se, portanto, no parceiro mais
experiente, por excelência, cuja função é propiciar e garantir um ambiente
rico, prazeroso, saudável e não discriminatório de experiências educativas e
sociais variadas.
Educar
é acima de tudo a inter-relação entre os sentimentos, os afetos e a construção
do conhecimento. Segundo este processo educativo, a afetividade ganha destaque,
pois acreditamos que a interação afetiva ajuda mais a compreender e modificar o
raciocínio do aluno. E muitos educadores têm a concepção que se aprende através
da repetição, não tendo criatividade e nem vontade de tornar a aula mais alegre
e interessante, fazendo com que os alunos mantenham distantes, perdendo com
isso a afetividade e o carinho que são necessários para a educação.
A
criança necessita de estabilidade emocional para se envolver com a
aprendizagem. O afeto pode ser uma maneira eficaz de aproximar o sujeito e a
ludicidade em parceria com professor-aluno, ajuda a enriquecer o processo de
ensino-aprendizagem. E quando o educador dá ênfase às metodologias que alicerçam
as atividades lúdicas, percebe-se um maior encantamento do aluno, pois se
aprende brincando.
Santos
(2002) refere-se ao significado da palavra ludicidade que vem do latim ludus e significa brincar. Onde neste
brincar estão incluídos os jogos, brinquedos e divertimentos, tendo como função
educativa do jogo o aperfeiçoamento da aprendizagem do indivíduo.
Assim,
a ludicidade tem conquistado um espaço na educação infantil. O brinquedo é a
essência da infância e permite um trabalho pedagógico que possibilita a
produção de conhecimento da criança. Ela estabelece com o brinquedo uma relação
natural e consegue extravasar suas angústias e entusiasmos, suas alegrias e
tristezas, suas agressividades e passividades.
Ainda
Santos (2002, p. 12) relata sobre a ludicidade como sendo:
“(...) uma necessidade do ser humano em qualquer idade e não
pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do aspecto lúdico
facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora
para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os
processos de socialização, comunicação, expressão e construção de
conhecimento.”
Ao
assumir a função lúdica e educativa, a brincadeira propicia diversão, prazer,
potencializa a exploração e a construção do conhecimento. Brincar é uma
experiência fundamental para qualquer idade, principalmente para as crianças da
Educação Infantil.
Dessa
forma, a brincadeira já não deve ser mais atividade utilizada pelo professor
apenas para recrear as crianças, mas como atividade em si mesma, que faça parte
do plano de aula da escola. Pois, de acordo com Vygotsky (1998) é no brinquedo
que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva. Porque ela transfere para o
mesmo sua imaginação e, além disso, cria seu imaginário do mundo de faz de
conta.
Portanto,
cabe ao educador criar um ambiente que reúna os elementos de motivação para as
crianças. Criar atividades que proporcionam conceitos que preparam para a
leitura, para os números, conceitos de lógica que envolve classificação,
ordenação, dentre outros. Motivar os alunos a trabalhar em equipe na resolução
de problemas, aprendendo assim expressar seus próprios pontos de vista em
relação ao outro.
Oliveira
(1997, p. 61) afirma que:
A implicação dessa concepção de Vygotsky para o ensino escolar é
imediata. Se o aprendizado impulsiona o desenvolvimento, então a escola tem um
papel essencial na construção do ser psicológico adulto dos indivíduos que
vivem em sociedades escolarizadas. Mas o desempenho desse papel só se dará adequadamente
quando, conhecendo o nível de desenvolvimento dos alunos, a escola dirigir o
ensino não para as etapas de desenvolvimento ainda não incorporados pelos
alunos, funcionando realmente como um motor de novas conquistas psicológicas.
Para a criança que freqüenta a escola, o aprendizado escolar é elemento central
no seu desenvolvimento.
O
processo de ensino e aprendizagem na escola deve ser construído, então, tomando
como ponto de partida o nível de desenvolvimento real da criança, num dado
momento e com sua relação a um determinado conteúdo a ser desenvolvido, e como
ponto de chegada os objetivos estabelecidos pela escola, supostamente adequados
à faixa etária e ao nível de conhecimentos e habilidades de cada grupo de
crianças. O percurso a ser seguido nesse processo estará demarcado pelas
possibilidades das crianças, isto é, pelo seu nível de desenvolvimento
potencial.
Enfim,
estar ao lado do aluno, acompanhando seu desenvolvimento, para levantar
problemas que o leve a formular hipóteses. Brinquedos adequados para idade, com
objetivo de proporcionar o desenvolvimento infantil e a aquisição de
conhecimentos em todos os aspectos.
A
partir da leitura desses autores podemos verificar que a ludicidade, as
brincadeiras, os brinquedos e os jogos são meios que a criança utiliza para se
relacionar com o ambiente físico e social de onde vive, despertando sua
curiosidade e ampliando seus conhecimentos e suas habilidades, nos aspectos
físico, social, cultural, afetivo, emocional e cognitivo, e assim, temos os
fundamentos teóricos para deduzirmos a importância que deve ser dada à
experiência da educação infantil.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A
partir de pesquisa bibliográfica vemos que a criança aprende enquanto brinca.
De alguma forma a brincadeira se faz presente e acrescenta elementos
indispensáveis ao relacionamento com outras pessoas. Assim, a criança
estabelece com os jogos e as brincadeiras uma relação natural e consegue
extravasar suas tristezas e alegrias, angústias, entusiasmos, passividades e
agressividades, é por meio da brincadeira que a criança envolve-se no jogo e
partilha com o outro, se conhece e conhece o outro.
Além da
interação, a brincadeira, o brinquedo e o jogo proporcionam, são fundamentais
como mecanismo para desenvolver a memória, a linguagem, a atenção, a percepção,
a criatividade e habilidade para melhor desenvolver a aprendizagem. Brincando e
jogando a criança terá oportunidade de desenvolver capacidades indispensáveis a
sua futura atuação profissional, tais como atenção, afetividade, o hábito de
concentrar-se, dentre outras habilidades. Nessa perspectiva, as brincadeiras,
os brinquedos e os jogos vêm contribuir significamente para o importante
desenvolvimento das estruturas psicológicas e cognitivas do aluno.
Vemos
que a ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade, mas
principalmente na infância, na qual ela deve ser vivenciada, não apenas como
diversão, mas com objetivo de desenvolver as potencialidades da criança, visto
que o conhecimento é construído pelas relações inter-pessoais e trocas
recíprocas que se estabelecem durante toda a formação integral da criança.
Portanto,
a introdução de jogos e atividades lúdicas no cotidiano escolar é muito
importante, devido à influencia que os mesmos exercem frente aos alunos, pois
quando eles estão envolvidos emocionalmente na ação, torna-se mais fácil e
dinâmico o processo de ensino e aprendizagem.
Conclui-se
que o aspecto lúdico voltado para as crianças facilita a aprendizagem e o
desenvolvimento integral nos aspectos físico, social, cultural, afetivo e
cognitivo. Enfim, desenvolve o indivíduo como um todo, sendo assim, a educação
infantil deve considerar o lúdico como parceiro e utilizá-lo amplamente para
atuar no desenvolvimento e na aprendizagem da criança.
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[1]Artigo
Final elaborado como requisito parcial para obtenção do grau de
licenciado/bacharel em Pedagogia, sob a Orientação da Professora Esp. Maria
Ângela Garcia de Almeida. Centro Universitário de Maringá – CESUMAR, Maringá –
Paraná, Novembro de 2009. mangela@cesumar.br
[2]Acadêmica
do 4º ano de Pedagogia Noturno do Centro Universitário de Maringá – CESUMAR,
Maringá – Paraná. Professora de Educação Infantil de Instituição Privada.
faby_bibia@yahoo.com.br.
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